terça-feira, 23 de novembro de 2010

Impressoes ao dirigir

Maserati GranCabrio
Novembro 2010

Maserati GranCabrio

O conversível tem linhas de torcer pescoços pelo caminho e desempenho para virar a cabeça do motorista

Por Paulo Campo Grande | Fotos: Christian Castanho
Lista de matérias por data:

ALTERAR O TAMANHO DA LETRA  

Se o dono de um Maserati GranCabrio recebesse cachê por cada pescoço virado na rua, em pouco tempo ele recuperaria o investimento feito na compra. E olha que esse Maserati não custa pouco. Ele está à venda no Brasil, desde julho, por 880 000 reais. Mas basta uma volta com o GranCabrio para vivenciar o poder de fazer amigos e impressionar pessoas. Pelo menos no trânsito. Da enorme grade dianteira, com o tridente de Netuno no centro, às quatro saídas de escapamento na traseira, uma visão mítica. A imponência dos 4,88 metros de comprimento da carroceria, na cor Bianco Eldorado, com o teto Marron Burgundy, e as indiscretas rodas Trident aro 20 reforçam ainda mais sua presença.

Com design assinado pelo estúdio Pininfarina, visto de lado, o GranCabrio tem uma linha tênue que desenha o para-lama traseiro e termina na tampa do porta-malas em forma de rabeta, que o deixa com um perfil clássico e esportivo. Por dentro, o que mais se destaca é o friso horizontal de madeira que divide o painel ao meio. O relógio oval no centro, entre as saídas de ar, é tão tradicional quanto o tridente. Pena que seja um modelo comum, com ponteiros de plástico – concorrentes como Bentley Continental GT e Spyker C8 ostentam relógios suíços. O primeiro traz um Breitling, o segundo, um Chronoswiss.

Também a mistura de cores no painel não esbanja refinamento. Explico: os mostradores são iluminados por luz de cor verde, enquanto o relógio e a tela, no console, têm coloração azul. Bem, esses são os únicos deslizes na cabine ornamentada com belos bancos de couro da grife Poltrona Frau, frisos de madeira natural e peças de alumínio maciço. A central multimídia tem 30 GB de memória, capaz de armazenar cerca de 180 horas de música. O sistema de som é da Bose e conta com 12 alto-falantes.

O GranCabrio é o primeiro cabriolet de quatro lugares da Maserati. A marca já produziu conversíveis legendários, mas sempre com dois lugares, como o Ghibli 1967, ou no máximo 2+2, como o 3500 GT 1960. Desenvolvido sobre a plataforma do sedã Quattroporte, assim como sua versão cupê, o GranCabrio tem 2,94 metros de entre-eixos, o que permite acomodar quatro pessoas com conforto (desde que de estatura mediana).

Cortesia elétrica
Para o motorista, a melhor posição de dirigir não é tão simples de achar como num Porsche. Mas, com todos os ajustes elétricos – inclusive os de altura e de profundidade do volante –, a tarefa de se acomodar fica mais fácil. Quem viaja atrás tem o acesso facilitado pelo deslocamento elétrico dos bancos dianteiros, além de assentos individuais em posição de auditório, que permitem visualizar a estrada à frente e ainda proporcionar mais conforto para as pernas.

Abrir o teto não requer prática nem habilidade: basta apertar e ficar segurando o botão no console. A operação dura 28 segundos e pode ser feita a até 30 km/h. Com o teto aberto, é possível dosar a quantidade de ar que invade a cabine abrindo ou fechando os vidros e, no caso de haver apenas duas pessoas a bordo, com a instalação de uma tela logo atrás dos bancos dianteiros. Segundo a fábrica, esse anteparo (Windstop) diminui a turbulência do ar dentro da cabine em cerca de 50%.

Como todo Maserati de rua (a fábrica nasceu nas pistas de corrida), o GranCabrio é um modelo luxuoso e confortável, mas que leva a sério desempenho e esportividade. Nos primeiros metros ao volante, percebo como o Maserati é silencioso e roda macio em nossas ruas. A capota composta por três camadas de materiais parece mais eficiente que o teto rígido, no caso do isolamento acústico. O motor tem um ronco encorpado, mas baixo. E as marchas são trocadas de modo tão suave que, se você estiver conversando com o passageiro, talvez nem perceba as mudanças. O único sinal de que se está no comando de um carro com alma de superesportivo é o volante pequeno (37,5 cm) e de peso bem acima da média para um carro de luxo.

Se quiser adrenalina, pode contar com o ânimo do motor V8 4.7. São 440 cv de potência a 7 000 rpm e 50 mkgf de torque a 4750 rpm (com 82% do torque chegando nas 2500 rpm, segundo a fábrica). O câmbio, por sua vez, é automático adaptativo, com seis marchas. Assim que percebe a mudança de humor do motorista, ele altera sua programação. Mas você nem precisa esperar por isso, uma vez que, optando pelo modo manual, as trocas podem ser feitas pelas borboletas atrás do volante. O câmbio faz as reduções e os avanços automaticamente, nos limites de giro, para o caso de o motorista se esquecer de mudar as marchas. A exceção é a quinta marcha, com licença eletrônica para ser esticada até o corte do motor.

Se seu negócio são as fortes emoções, aperte a tecla Sport no console, que altera todo o comportamento do carro. O câmbio passa a fazer as trocas em rotações mais altas (cerca de 500 rpm acima do normal). A suspensão fica mais firme, para limitar principalmente os movimentos da carroceria em curvas, frenagens e arrancadas. E o motor modifica seu ronco – há um sistema pneumático de válvulas no escapamento que, acima de 3000 rpm, altera o fluxo dos gases, elevando o nível sonoro produzido.

Sem o apoio do teto, a carroceria perde parte da rigidez estrutural original, mas a suspensão é competente e faz o carro andar grudado no chão. As estruturas, do tipo duplo A nos dois eixos, têm amortecedores adaptativos, com a maciez controlada pela central eletrônica. E contam com a ajuda dos pneus 245/35 ZR20 na frente e 285/35 ZR20 atrás. Contribui também o equilíbrio na divisão do peso entre os eixos – 49% na frente e 51% atrás. O chassi é feito de aço e alumínio, com o motor instalado na posição central-dianteira, junto com a transmissão, com tração traseira.

Segundo a Maserati, o GranCabrio faz de 0 a 100 km/h em 5,3 segundos e atinge 283 km/h, com a capota fechada. Aberta, cai para 274 km/h, em razão do aumento da resistência aerodinâmica. Segundo a fábrica, o consumo é de 4,2 km/l na cidade e de 9,6 km/l na estrada. Em nosso roteiro pelas ruas de São Paulo, incluindo paradas e manobras para as fotos, conseguimos a média de 6,5 km/l, no computador de bordo. Nada mau para um carro de 1980 kg. De acordo com a marca, o GranCabrio também se sai bem nas medições das emissões, atendendo à norma europeia Euro 5, que vale até 2011. Ou seja: ele chama atenção, mas sabe se comportar em público.



VEREDICTO

O GranCabrio é para quem quer um carro para curtir e dividir esse prazer com os amigos, em grande estilo. É luxuoso, confortável, tem desempenho de superesportivo e, o melhor, oferece lugar para quatro pessoas.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

UTILITÁRIO

Maserati terá utilitário esportivo com base de Cherokee
Novo modelo será feito nos Estados Unidos no fim de 2013
Da redação
  Divulgação
Jeep Grand Cherokee
A Maserati terá um utilitário esportivo feito sobre a plataforma do Jeep Grand Cherokee, confirmou o CEO do Grupo Fiat, Sergio Marchionne. Não será a primeira vez que as duas marcas terão um projeto em conjunto. Há 25 anos ambas fizeram o Chrysler TC by Maserati, que não teve tanto sucesso quanto esperado.
 De qualquer forma, o novo modelo da marca italiana deverá começar a ser montado entre o fim de 2012 e início de 2013, na mesma linha de montagem doDodge Durango, em Detroit (EUA). Será mais um concorrente para Porsche Cayenne, Range Rover, Mercedes-Benz Classe G, entre outros.

RECALL

Volkswagen faz recall de 49 mil Kombis
Modelos terão de passar por inspeção por causa de defeito no escapamento

 
Da redação
Volkswagen
A Volkswagen anunciou o recall de 49 mil unidades do modelo Kombi. Os proprietários dos veículos terão de agendar, a partir da próxima terça-feira, a inspeção e instalação de suporte no sistema de escapamento. O agendamento e o serviço são feitos na rede de concessionárias na marca. O recall envolve versões 2009, 2010 e 2011 do veículo.

A montadora diz em nota que foi constada a possibilidade de surgirem trincas no sistema de escapamento, o que pode ocasionar a quebra do equipamento e provocar ruídos. Há ainda o risco de incêndio no compartimento do motor caso o escapamento seja utilizado nessa situação.

A VW notificará todos os proprietários sobre a necessidade do recall. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone 0800 019 8866 ou no site www.vw.com.br. Confira abaixo os números de chassis dos carros que terão de passar pela revisão:

Confira os números dos chassis:
2009 9P 019 162 a 9P 999 999
2010 AP 000 001 a AP 999 999
2011 BP 000 001 a BP 013 884

sábado, 13 de novembro de 2010

TESTE / KIA SPORTAGE TUDO NOVO,DE NOVO

Kia Sportage: tudo novo, de novo
Terceira geração do Sportage muda por completo para deixar a antecessora, literalmente, no passodo
Fabio Aro e Marcos Camargo
Recursos off-road impendem que o Sportage se intimide no mato, mas suspensão tem curso pequeno
Jogo da memória: feche os olhos e tente se lembrar da geração atual do Sportage. Agora, compare as imagens na sua cabeça às daqui e responda: o que há de igual entre elas? Nada? Ah, encontrou semelhanças? Tsc, tsc, tsc. Lamento dizer que é só a sua imaginação. Além do nome, a nova geração do utilitário não traz heranças do antecessor. Parece ousadia da Kia mudar radicalmente o veículo que teve 860 mil unidades vendidas no mundo todo desde 2004 e foi seu “best-seller” no Brasil no ano passado? Pode até ser. Contudo, a arrancada da marca coreana, que partiu da quase extinção em 1998 para mais de uma década de crescimento ininterrupto, mostra que a estratégia está funcionando – e a tendência é que continue assim.

Não acredita? Pois saiba que o Sportage evoluiu não só no visual, mas também no conforto, na dirigibilidade e até no desempenho, embora de modo mais tímido. Comecemos pelo que está bem à vista. A nova identidade visual da Kia está presente na dianteira. A grade no estilo “nariz de tigre” confere aspecto invocado ao se alargar pelas laterais até incorporar os faróis – na versão brasileira, infelizmente, não haverá o belo feixe de leds, opcional nos EUA. Os detalhes cromados que contornam a grelha sobem em direção ao capô, onde encontram vincos altos, bem definidos. Eles terminam junto à coluna A, que segue a forte inclinação do para-brisa para se encaixar no teto baixo – o Sportage tem 1,63 m de altura, 6 cm a menos que na geração anterior. Essa medida, em conjunto com a redução de 91 kg no peso (para 1.479 kg), melhorou a dinâmica do carro. Bom para quem dirige. Nem tanto para os passageiros altos, que ficam próximos de raspar a cabeça quando sentados no banco traseiro.

Fabio Aro e Marcos Camargo
Visual da traseira é limpo e traz a luz de seta em posição horizontal, na altura onde a tampa do porta-malas termina
Antes de entrar no Sportage é preciso ressaltar que, além de mais baixo, ele está mais próximo do chão: são 17,2 cm de altura livre do solo, ante os antigos 19,5 cm. Em compensação, ele cresceu 9 cm em comprimento (4,44 m), 15 cm em largura (1,85 m) e 10 cm de entre-eixos (2,64 m). Na lateral, os vidros estreitos acompanham a linha de cintura elevada, deixando o utilitário com ar esportivo. Mas isso gera um inconveniente para quem tem estatura de mediana a baixa: acomodado no banco da frente, o ocupante se sentirá de volta à infância, já que o assento não tem regulagem de altura. O visual da traseira é clean, com lanternas horizontais. “A intenção era chegar a um desenho moderno e limpo, feito para durar mais tempo e ter apelo junto a um público mais jovem”, diz Enrique Giner, gerente de design do centro de estilo da Kia na Califórnia.

O objetivo foi atingido, e o design ainda acumula a função de diferenciar o Sportage de seu irmão de grupo, o Hyundai ix35. Apesar de compartilharem a plataforma e a maioria dos componentes, ambos têm acertos distintos. A começar pelo posicionamento na tabela de preços. Enquanto o ix35 custa a partir de R$ 88 mil, o Sportage chegará às revendas após o Salão do Automóvel, em outubro, com preço inicial estimado em R$ 75 mil.

Fabio Aro e Marcos Camargo 
A versão de entrada terá câmbio manual de cinco marchas ou automático de seis. De série, contará com ar-condicionado, airbag duplo, rack no teto, sensor de estacionamento, acendimento automático de faróis, alarme, controle remoto para abertura das portas e entradas iPod/USB. A intermediária virá com as mesmas opções de câmbio, mas o automático poderá receber tração 4x4. Além dos itens acima, terá retrovisor com pisca integrado, rodas de liga leve aro 18, chave inteligente, bancos com revestimento de couro, ajuste elétrico do assento do motorista e controle de estabilidade. Por fim, a topo de linha automática (como a testada) soma aos equipamentos de fábrica airbags laterais e de cortina, teto solar elétrico e retrovisor interno com câmera de ré. Vai custar cerca de R$ 100 mil.

Agora, “simbora” para o interior. Calma, ainda não vamos falar da cabine. Vamos é para a pista de testes em Tatuí (SP). No caminho exploramos as respostas do motor 2.0 16V com comando de válvulas variável, 166 cv e 20,1 kgfm – um aumento de 24 cv e 1,3 kgfm, respectivamente, em relação ao Sportage que está nas ruas. A potência teve ganho significativo, ao contrário do torque. O desempenho geral melhorou, graças, também, ao novo (e suave) câmbio automático de seis velocidades. Só que basta uma subida para o Sportage se cansar e reduzir marchas rapidinho. O motor não grita como antes. Mas, nas retomadas, ele perde a serenidade que tem a 120 km/h com o conta-giros em apenas 2.500 rpm.

Fabio Aro e Marcos Camargo
Console central é estiloso e interior segue a fórmula do visual externo, com linhas limpas. Iluminação em vermelho agrada
A versão 2.4 16V, que Autoesporte teve oportunidade de avaliar em São Francisco (EUA), é a ideal. Com 177 cv, seu torque nem é tão superior (23,1 kgfm), mas aparece um pouco mais cedo, a 4.000 rpm em vez de 4.600 rpm. Contudo, ela não virá ao Brasil. A novidade aqui será o 2.0 16V flex, no segundo semestre de 2011. Apesar desse pênalti no torque, o utilitário anda bem – foi um pouco melhor que o ix35 nas provas dinâmicas. Caso o motorista se empolgue e entre com vigor nas curvas, será surpreendido pela intrusiva ação do controle de estabilidade, que traz o carro para dentro da curva. O comportamento arisco é oposto ao da suspensão. Independente nos dois eixos, com estrutura McPherson na frente e multibraços atrás, ela privilegia o conforto e absorve bem as imperfeições da pista – embora seja firme o suficiente para transmitir confiança em trechos sinuosos. Como tem curso pequeno, ela bate com relativa facilidade quando se troca o asfalto pela estrada de terra. Mas não afeta o bem-estar ao volante.

Para esticar o passeio no off-road leve, não há dificuldades, já que os ângulos de entrada (28,1°) e saída (28,2°) são satisfatórios. Além disso, na versão 4WD testada há controles de descida e tração. Numa ladeira de terra, o primeiro manteve o veículo abaixo de 10 km/h. Sem ele, a velocidade atingiu 40 km/h na mesma condição. Em situações de pouca aderência, você pode bloquear o diferencial central (por um botão no painel), deixando a divisão de torque em 50% para cada eixo.

Fabio Aro e Marcos Camargo
Porta-malas cede espaço sob o assoalho para o estepe, banco traseiro é bipartido
Agora, sim, chegamos ao interior do Sportage. Os acabamentos são benfeitos e contam com materiais agradáveis ao toque. O espaço é amplo, até em função da esticada que a carroceria recebeu. No banco de trás, o túnel central não chega a ser plano, mas afeta pouco o espaço para pernas, garantindo boa acomodação aos passageiros. O motorista também viaja com conforto, e encontra boa posição para dirigir, apesar da falta de ajuste de profundidade do volante – que, aliás, tem ótima pegada, com encaixe perfeito para os polegares. O que o condutor pode estranhar um pouco é o freio de estacionamento no pé (nas configurações automáticas) e o vidro traseiro pequeno. Depois de conhecer melhor o novo Sportage, fica ainda mais difícil o exercício de se lembrar do anterior, não é? Relaxe. No jogo da memória, o modelo atual é que promete ficar marcado na sua lembrança.




Teste

Palio Essence 1.6: começou bem
Motor empolga. Só falta remodelar o carro
Guilber Hidaka
Fiat Palio Essence 1.6 16V
Um Palio todo renovado está em gestação, e começou pelo motor. Como mostrado em primeira mão na edição de junho, uma nova geração chega às lojas no fim do ano que vem. Mas o novo motor ficou pronto antes e já equipa a atual geração do modelo. Por que isso? Porque o contrato de fornecimento do 1.8 de origem GM terminou, levando a Fiat a aplicar os novos E.torQ em quase todos os seus carros (o Stilo ficou de fora, pois logo sai de linha).

  Divulgação  
Mesmo que o Palio não tenha outras novidades, a troca do motor é muito bem-vinda, sobretudo para os que gostam de agilidade. No teste, o 1.6 16V deixou o antigo 1.8 8V para trás nas acelerações, com larga vantagem. De 0 a 100 km/h caiu de 11,2 s para 10,4 s! Após mil metros, enquanto o Palio 1.8 chega a 156,6 km/h, o novo 1.6 já está a 161,4 km/h.
Nas retomadas ele não atingiu as marcas anteriores, já que só empolga após os 2 mil giros.

Isso significa que o motorista precisa reduzir mais as marchas, mas depois que os “pulmões” se enchem, o Palio fica esperto até demais. Além disso, nossos testes mostram que ele ficou mais silencioso e econômico. Sem opção de motor 1.6 desde 2002, o Palio enfim reencontra uma faixa de cilindrada mais adequada ao seu porte e peso. Agora só falta a roupa nova...
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Guilber Hidaka 

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

BMW Z4 sDrive 35i


Fabio Aro 
Saindo de um casamento na bicentenária Igreja do Largo de São Francisco, no coração de São Paulo, consegui a proeza de errar o caminho para a festa, praticamente no mesmo quarteirão. Depois de tentar em vão me encontrar, parei para me informar com o primeiro grupo que vi. Eram vários monges franciscanos, com roupas, cortes de cabelo e sandálias típicas da congregação. Eles me olharam espantados e não souberam informar o caminho. Só depois de me localizar (graças a um santo frentista), me dei conta do insólito da situação: um cara de terno e gravata, a bordo de um conversível alemão azul brilhante de R$ 307 mil, com duas belas garotas apertadas no banco do passageiro, colhendo informações com monges famosos pelo total desapego a bens materiais...
Senti-me o pecador em pessoa. Cobiça, soberba, ostentação, luxúria... O que eles teriam pensado de mim? Teriam me invejado? Duvido, não combina com a vocação deles. Compadeceram-se de minha alma? Provavelmente. Mas eu estava de consciência limpa. Afinal, havia orado na igreja e estava com o BMW Z4 por circunstâncias profissionais. As garotas? Eram apenas minha namorada e uma amiga dela.
Fabio Aro 
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Pecado, confesso, foi rodar em três num carro para duas pessoas, mas a moça estava sozinha e o Centrão é perigoso à noite. Heresia maior foi dispor desse esportivo num fim de semana cheio de compromissos na cidade grande. O Z4 fora de uma boa estrada é como um tubarão fora d’água (repare nas fotos e diga se não aprece um). Até nas compras do mês ele compareceu. Pelo menos com uma grande vantagem: o exíguo porta-malas me obrigou a manter o foco apenas nos gêneros de primeira necessidade. Ganância e gula ficaram de fora.
Mas até na cidade há folgas para desfrutar o prazer de acelerar o renovado roadster da BMW. No sábado ensolarado foi possível passear com o teto recolhido e até ensaiar vigorosas retomadas na Marginal Pinheiros, sem passar dos limites (basta de infrações). E rezando para não cair em buracos, pois a sensação é de que o Z4 vai desmontar todo. Por falar em teto, agora ele é rígido, o que elimina as versões da geração anterior (cupê ou conversível com teto de tecido).
Fabio Aro 
Já que estamos falando em evolução, elas foram muitas no Z4. A começar pelo desenho, que perdeu as linhas côncavas e arredondadas da escola Chris Bangle, em detrimento de cortes mais retos e angulosos. Para quem curtia um estilo mais nostálgico, o anterior era mais interessante. Esta agrada a quem prefere um aspecto mais esportivo.
Esportividade que também é acentuada pelo novo motor seis cilindros em linha 3.0 de 306 cv, 75 cv a mais do que no antecessor. Mas como rodei apenas na cidade, desfrutei mais das retomadas impressionantes garantidas pelo torque igualmente impressionante de 40,8 kgfm a meras 1.300 rpm. A combinação de injeção direta e dois turbos num carro tão leve (1.600 kg) dá bem a medida de sua agilidade.
Fabio Aro 
Para facilitar a vida, o câmbio é automatizado de sete marchas, com dupla embreagem e opção de trocas manuais. Na cidade, nem dá vontade de usar as (pouco práticas) borboletas de trocas. Acho que nem na estrada daria. Bom mesmo é acionar a tecla Sport (ou Sport+), que estica as marchas e garante boa dose de adrenalina.
Fabio Aro 
Fora o motor e a capota rígida, que dão show à parte, o Z4 sDrive 35i vem ainda com faróis de xenônio direcionais, suspensão adaptativa, controles eletrônicos (de estabilidade, tração e frenagem em curvas), lavadores de faróis, brake-light que pisca em frenagens fortes, rodas de liga aro 19 e um sonzaço com 14 alto-falantes, entre outros itens de segurança e mimos de conforto. Para quem curte um legítimo roadster, os salgados R$ 307 mil são bem gastos. Outra opção é a versão 2.5, de 204 cv. Bem mais mansa, menos equipada, mas vendida por R$ 217 mil.
Você pode estar se perguntando: vocês ficaram rodando com uma máquina dessas só na cidade? Não foi bem assim. O cupê também caiu na estrada e na pista de testes. Os resultados você verá na Autoesporte de março, num empolgante comparativo contra o Audi TTS. Só como aperitivo: conseguimos atingir os 5,1s prometidos pela BMW no 0 a 100 km/h. A máxima é limitada a 250 km/h.

Fox x Gol

O altinho Fox ou o baixinho Gol?
Em 2008, o Gol se reinventou efez o Fox ser vendido com desconto. Mas, agora que o altinho deu a volta por cima, qual deles escolher?
Daniel Messeder // Fotos: Guilber Hidaka
Guilber Hidaka
O novo Gol tinha acabado de chegar às ruas e, numa conversa informal, um funcionário da Volkswagen me contava as qualidades do carro. Diante da enorme evolução do modelo “G4” para o “G5”, provoquei: “Agora quero ver o que vocês vão falar para vender o Fox...” O engenheiro então esboçou um sorriso e antecipou: “Espere só o que a gente vai fazer com ele no ano que vem”. Não era blefe: o Fox “G2” passa uma borracha na maioria das falhas do antigo. E começa a escrever um novo capítulo na história do modelo.

Logo de cara, a gente já nota a maior maturidade dele. A frente com grade e faróis mais retilíneos, que faz parte da nova identidade visual dos VW na Europa, deu um ar mais sério ao compacto. Incrível como ele deixou o Gol, representante da “era Tiguan” (faróis estreitos e espichados, grade de cantos arredondados) com jeito de coleção do ano passado. Isso não quer dizer, porém, que o carro mais vendido do país tenha perdido a graça. Lateral e, principalmente, traseira são mais interessantes. No Fox, a parte de trás continua com lanternas pequenas (embora com desenho interno mais bacana) e vidro retangular, sem graça.
Guilber Hidaka
É do lado de dentro, entretanto, que o novo Fox surpreende. Após seis anos reclamando do painel minimalista e do acabamento franciscano, eis que agora nos deparamos com a cabine mais caprichada entre os 1.0. Os mostradores são grandes, vistosos, e o painel mistura plásticos de três texturas diferentes — a parte central, com toque suave, é a melhor delas. O compacto também ganhou porta-luvas (que a SpaceFox sempre teve) e, enfim, forração de tecido nas portas. O Gol aposta no trivial simples: tem quadro de instrumentos menor e mais discreto, além de plásticos de visual e tato menos refinados. Isso sem falar na parte interna da janelinha da porta traseira sem cobertura plástica, que deixa a lataria à mostra. Outra prova de economia são os comandos dos vidros elétricos traseiros no centro do painel, e não na porta do motorista como no Fox.

Gostou das mudanças do Fox? Então, vamos logo à má notícia: não dá mais para comprá-lo pelo mesmo preço do Gol, como aconteceu no lançamento do “G5”. E a diferença é significativa em se tratando de modelos 1.0. Enquanto o líder de vendas parte de R$ 28.850, o irmão mais alto custa R$ 32.360 (na versão quatro portas). A vantagem do Fox são os equipamentos de série, como direção hidráulica, limpador/lavador do vidro traseiro e rodas aro 15 com pneus 195/55. O Gol básico não oferece nem conta-giros, e as rodas são aro 13 com pneus 175/70. Para chegar à configuração mais desejada (ar-condicionado, direção hidráulica, travas e vidros elétricos), os preços pulam para R$ 34.285 (Gol) e R$ 37.535 (Fox). E a lista de opcionais não para por aí... Gostou do volante de Passat CC do Fox testado? Pois ele é cobrado à parte, e só vem junto com o sistema de som de fábrica.
Guilber Hidaka
Se você topar bancar a diferença entre eles, saiba que a raposa também vai demandar custo extra para manter. O Fox tem o seguro um pouco mais caro (veja quadro no início da reportagem) e consome mais combustível. Foram 8,0 km/l de álcool na cidade e 10,1 km/l na estrada, números que melhoram para 8,7 km/l e 11,5 km/l no rival. Como ambos utilizam o mesmo conjunto de motor e câmbio, a diferença pode ser creditada ao peso inferior (934 kg contra 1.009 kg) e aos pneus mais estreitos (que geram menor arrasto) do Gol.

Por esses mesmos motivos, o Gol se dá melhor com os 76 cv e 10,6 kgfm do motor VHT 1.0 — o Fox sente maior necessidade do 1.6. Apesar de a dupla ter andado próxima nos testes (quando o motor é exigido ao máximo), no dia a dia o Gol arranca com menos esforço e reclama menos quando surge uma ladeira. Ambos recorrem a uma relação bastante curta nas primeiras duas marchas, o que ajuda nas saídas, mas atrapalha nas reduções. Na mudança de 3a para 2a, é preciso diminuir bastante a velocidade para não haver um tranco. Em contrapartida, o motor é bastante suave e, mesmo em giros elevados (ou seja, na maior parte do tempo), o ruído não chega a incomodar. Na estrada, a 120 km/h, o conta-giros aponta 4.000 rpm.
Guilber Hidaka
Além de embalar com maior facilidade, o Gol também roda mais macio. Por conta de seus 12 cm extras de altura, o Fox tem suspensão rígida para não balançar nas curvas. A VW diz que recalibrou molas e amortecedores, mas, na prática, ele continua batendo seco nos buracos — e repassa o tranco para os passageiros. Já o Gol passa sua-ve sobre pisos irregulares e mesmo assim não fica atrás do Fox nas curvas. Ponto para ele. Em termos de suavidade nas trocas de marcha, temos um empate em alto nível.

OK, o teto elevado tem suas contraindicações, mas também é a razão de ser (e de vender) do Fox. Dentro dele, a gente fica pelo menos 6 cm acima do Gol. E isso vale tanto para o motorista quanto para os passageiros. As mulheres adoram, e muitos homens também. Isso porque dirigimos com a cabeça longe do teto, numa posição privilegiada. Como o banco do Fox tem ajuste de altura, é mais fácil de se ajeitar nele do que no Gol, em que o assento somente muda a inclinação da parte de trás. Em largura e espaço para as pernas, porém, a disputa é parelha. E no porta-malas a vitória vai para o Gol, com 290 litros contra 257 litros. O Fox pode ter esse volume aumentado com o banco traseiro corrediço, mas isso é opcional — e quando empurrado para frente, ele rouba espaço dos ocupantes.

Entre altos e baixos, a conclusão: o Fox está na melhor safra. Ganhou requinte para se distanciar dos “populares” e voltou a se destacar do Gol — tanto que venceu o comparativo. Mas, se optar por ele, olhe com carinho a versão 1.6.
Guilber Hidaka
E o problema do motor VHT?
Guilber Hidaka
O novo Gol inovou com a primeira troca de óleo aos 15 mil km. Para tanto, a VW testou exaustivamente um lubrificante diferente do anterior (para 10 mil km). Mas, no teste das ruas, o tiro saiu pela culatra. A VW não considerou como devia os trajetos curtos (menos de 10 km), em que o motor ainda não atingiu a temperatura ideal. Como na fase fria o combustível não queima totalmente, ele acaba indo para o cárter e contaminando o óleo — principalmente se for o álcool (a gasolina evapora mais fácil). Como o lubrificante novo não é tão resistente a esse ataque quanto o anterior, ele perde parte de suas propriedades e deixa de lubrificar corretamente. Resultado: o óleo contaminado gera uma oxidação superficial nos mancais, que ocasiona desgaste e aumento de folgas — daí o ruído anormal notado por diversos proprietários do novo Gol. O problema atinge mais os 1.0 porque os 1.6 têm maior quantidade de óleo (0,7 l extras) e aquecem mais rápido. A VW convocou 400 mil proprietários de novo Gol, Voyage e Fox para troca de óleo (voltou a usar o antigo) e retomou o prazo de troca anterior, de 10 mil km. Procurada para falar sobre o assunto, a VW não atendeu à nossa solicitação.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Auto-serviço | Cumpre o que promete

Martelinho de lata
Junho 2010

Martelinho de lata

O Pops-a-Dent prometia eliminar pequenos amassados, mas o resultado foi outro

Por Rodolfo Parisi
Lista de matérias por data:

ALTERAR O TAMANHO DA LETRA  

Quando vimos o funcionamento do Pops-a-Dent no site YouTube, não pensamos duas vezes: ele merecia ser testado. No vídeo colocado no ar pela importadora Mistura Sana, representante exclusiva no Brasil, o produto – uma espécie de martelinho de ouro portátil – tornava rápida e simples a tarefa de tirar amassados do carro por conta própria. As imagens mostravam que era só posicionar um dos três bicos removedores (para amassados muito pequenos, pequenos e médios) no local a ser reparado, passar a cola quente e aguardar de 5 a 8 minutos. Depois encaixa-se o aparelho nesse bico e gira-se uma rosca para que a lataria seja repuxada, eliminando assim o amassado. Pois bem, no vídeo tudo funcionava bem – e custando só 49,90 reais. Mas na vida real foi bem diferente.

Levamos o Pops-a-Dent para um teste no Centro de Experimentação e Segurança Viária (Cesvi), entidade que certifica oficinas e dá cursos na área de funilaria. Primeiro experimentamos num Renault Clio. O amassado era na porta, perto da fechadura, típico daquelas batidas de estacionamento. Na primeira vez, giramos a rosca até o fim e nada mudou. Como recomenda o manual, mudamos o Pops-a-Dent de posição para tentar de novo. Só que a haste se soltou, sem alterar o amassado. Repetimos o processo mais três vezes e tudo ficou igual. O pior era ter de remover a cola com as mãos após cada tentativa.

Resolvemos tentar no capô de um Citroën C3 e tomamos um susto. Em vez de eliminar o defeito, fez o contrário: criou amassados ainda maiores, causados pelos dois apoios que forçavam a lataria para baixo.

Contatada para comentar o resultado, a importadora disse que “os compradores têm ficado muito satisfeitos com este produto” e que já foram vendidas mais de 200 unidades sem reclamações.



ESTICA E PUXA

Sobre o amassado, aplique cola na base da haste e aguarde. Depois escolha a melhor posição, gire a rosca, tire o aparelho, remova a cola e confira: o amassado continua lá.




CUMPRE O QUE PROMETE? - NÃO

O Pops-a-Dent não tirou os pequenos amassados de dois carros e ainda conseguiu danificar um capô depois de uma tentativa de conserto.




ONDE ENCONTRAR

www.misturasana.com.br

Carros menos Poluentes

Instituto divulga ranking de veículos mais eficientes
Alguns modelos da Fiat receberam melhor nota
Por Bruno Roberti | 10/11/2010
O Inmetro divulgou os resultados da terceira edição do Programa de Etiquetagem Veicular, que mostra ao consumidor a eficiência energética dos veículos, comparando modelos da mesma categoria.

Uma das novidades para 2011 é a adesão da Ford, cujos modelos se juntam aos da Fiat, Kia, Volkswagen, Renault e Toyota, que já participaram das outras edições.

De acordo com informações do Inmetro, três dos 73 modelos etiquetados são lançamentos. Houve uma melhoria de 3% no nível geral de consumo de combustível. De 2010 para cá, 14 modelos registraram evolução em suas performances.

Dentre os modelos avaliados na categoria dos sub-compactos, destaque para o Fiat Uno Mille Fire Economy 2 e 4 portas, com motor 1.0 8V, que recebeu classificação A. Já na categoria dos compactos, outro modelo da Fiat recebeu nota máxima: o Siena Fire 1.0 8V, também com propulsor flex.

Nos veículos médios, o Renault Logan nas versões Authentique e Expression, com motor 1.0 16V Flex, que obteve nota A. o Volkswagen Polo Sedan recebeu a pior classificação, a E.

Entre os veículos de porte grande, alguns modelos se destacaram, caso dos recém-lançados Ford Fusion Hybrid e Renault Fluence, além do Kia Cerato e do Toyota Corolla. Por fim, na categoria dos crossover, o Kia Sportage recebeu a melhor nota.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Auto-serviço | Cumpre o que promete

Pneu à prova de furos
Outubro 2010

Pneu à prova de furos

Pneu tailandês promete ser à prova de furos. Mas que ele não encontre um objeto de rosca

Por Luís Perez
Lista de matérias por data:

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Sua propaganda não poderia ser mais direta. O Finixx Tires é apresentado como o pneu que “não fura nunca”. Para comprovar até onde vai a eficiência do produto produzido na Tailândia com tecnologia sueca, o material de divulgação mostra até a imagem de um pneu da marca perfurado por duas chaves de fenda e mais dezenas de pregos.

O segredo estaria em seu interior. Uma película que parece mais uma cola recobre a parte de dentro da banda de rodagem. Segundo o importador Victoria Atacadista, qualquer objeto pontiagudo que entra no pneu seria envolvido por essa gosma, impedindo o vazamento de ar após ser retirado.

Com a missão de comprovar o quanto ele é mesmo à prova de furos, pedimos emprestados dois pneus, com medidas 195/60 R15, ainda sem preço definido, pois começaria a ser vendido em agosto, mas estimado entre 350 e 390 reais cada um – em média essa medida sai por 320 reais.

Para ajudar nesse tira-teima, convocamos a equipe do Cesvi (Centro de Experimentação e Segurança Viária). Antes de instalar o pneu num carro, os técnicos introduziram nele um prego de 3 mm de diâmetro. Funcionou. Entrou e saiu, sem que o ar escapasse. Mas na hora notaram que a película protege apenas a banda de rodagem. Portanto, a lateral do pneu não resistiria a furos.

Chegou então a vez do teste mais real: o carro passou por cima de uma tábua com pregos e parafusos – segundo borracheiros, os objetos mais comuns que costumam provocar furos. No total, o pneu direito resistiu a duas perfurações e o esquerdo foi mais longe, resistindo a dois pregos, de 3 a 4 mm, e a um parafuso de 3 mm. Resultado que impressionou a todos.

Por fim, uma prova mais radical, porém nada que se compare às duas chaves de fenda da propaganda: passar por cima de um parafuso de 6 mm, que entrou e saiu da borracha. Na hora se ouviu o famoso ruído de ar escapando. A calibragem, que era de 30 libras, logo caiu para 10 libras. E assim ficou esvaziando até murchar totalmente.

Fomos ouvir o fabricante. Yenny Gomez Martinez, representante da Latin American of Tires Finixx, deu sua explicação por e-mail. Ele diz que, quando é introduzido um objeto de rosca (como um parafuso), o estrago se multiplica – um objeto de 6 mm causa, segundo ele, um dano de 12 mm. “Nas feiras, usamos chaves de até 9 mm para as demonstrações”, afirma. Segundo ele, as provas realizadas não respeitaram as dimensões que cobrem a garantia dada pelo pneu.

Ao fim dos testes, fica a conclusão de que o Finixx tem um grande mérito. Suportou furos de vários calibres, mas em nenhum momento a empresa informa em seu material de divulgação ou alertou nossa reportagem antes do teste de que há um limite para essas perfurações ou para o tipo de objeto. Ao contrário: ele é vendido com o mote de ser um pneu “que não fura nunca”.


CUMPRE O QUE PROMETE? - EM TERMOS

O Finixx Tires é anunciado com um pneu “que não fura nunca”, mas ele não resistiu a um parafuso com diâmetro de 6 mm. Porém deu conta de parafusos de até 4 mm.

Clássicos | Faixa Branca

Fusca: 50 anos de Brasil
Fevereiro 2009

Fusca: 50 anos de Brasil

Volkswagen organiza mostra em comemoração aos cinquenta anos do besouro no país

Por Vitor Matsubara (texto e fotos)
Lista de matérias por data:

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A Volkswagen inaugurou na última quarta-feira, 18 de fevereiro, uma exposição em homenagem aos 50 anos do Fusca no Brasil. A mostra, que ficará aberta ao público até o dia 26 de fevereiro, reúne exemplares de diversas épocas.

Entre os modelos expostos, estão um exemplar da Última Série nacional, de 1986, e um Ultima Edición mexicano, lançado em 2004. Uma unidade da década de 1950 com o volante à direita também chama a atenção no showroom da Volkswagen Haus, espaço da montadora localizado no bairro dos Jardins, em São Paulo (SP).

A montadora também aproveitou a ocasião para anunciar, em parceria com os Correios, o lançamento de um selo comemorativo e de um carimbo em alusão à data.

Exposição Fusca – 50 anos de Brasil
Volkswagen Haus
Local: Avenida Cidade Jardim, 350 – Jardins – São Paulo (SP)
Data: de 18 a 26 de fevereiro de 2009
Horário: das 9h às 20h
Entrada franca

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Clássicos | Grandes carros

Jaguar XK 120
Setembro 2010

Jaguar XK 120

Ícone britânico do automobilismo, ele ajudou a criar o mito Jaguar com suas vitórias e recordes nas pistas

Por Fabiano Pereira | Fotos: Marco de Bari
Lista de matérias por data:

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Sair da Segunda Guerra vitoriosa permitiu à Inglaterra renovar o brilho de seus carros antes de futuras potências da indústria, como Alemanha e Itália. A maior prova da rápida recuperação britânica foi o Jaguar XK 120. Apresentado no Salão de Londres de 1948 (na época sem planos de produção), o roadster representou um salto em estilo e desempenho em relação aos esportivos da marca, como o Jaguar 100. Objeto de desejo, ele logo acabou ganhando as ruas.

O desenho fluido criado pelo cofundador da Jaguar, William Lyons, era de uma beleza sinuosa e alongada. A linha de cintura era rebaixada nas portas, que não tinham vidros, só uma tela destacável. O teto era encaixado sobre o interior. O alumínio da carroceria do protótipo seria reduzido com o aumento da produção. Para a mecânica, o engenheiro William Heynes definiu um 3.4 de seis cilindros. Com comando duplo de válvulas sobre o cabeçote, recurso vindo das pistas, atingia 160 cv, levando o XK a 196 km/h.

Mas sua fama surgiu mesmo nas pistas, como a aferição de velocidade máxima realizada em 1949 na Bélgica. Ao cravar 213 km/h, ele se tornou o modelo de produção mais rápido do mundo. Em 1951, a versão de corrida XK 120C participou de Le Mans, onde se sagrou campeã – outras quatro vitórias viriam até 1957. O XK 120 de 1951 ganhou uma versão cupê, usada em 1952 num teste de sete dias e noites na França. Após 27 148 km e média de 161 km/h, o XK provou que, além de veloz, era resistente.
É desse ano o roadster fotografado. Ao volante, as pernas ficam esticadas, mas senta-se a 90 graus, com o volante bem na vertical e próximo ao peito. Veloz, o XK ainda consegue ser dócil. Tem muito torque em baixa, mas este surge gradativamente. Bem balanceado, o motor não transmite vibrações.

Um conversível mais refinado, o Drop Head Coupe, veio em 1953, com uma linha de cintura mais alta, vidro deslizante na porta e teto rebatível. Em 1954, ele virou XK 140, com 190 ou 210 cv. Com o XK 150 de 1957, o para-brisa tornou-se inteiriço e a ondulação do para-lama foi amenizada. O cupê ganhou janela traseira envolvente e o roadster, maçanetas externas e vidros deslizantes. Motores de 220, 250 e 265 cv estariam disponíveis até a chegada do E-Type em 1961. Beleza, requinte e alto desempenho já eram sinônimos de Jaguar. Criado e consagrado em clima de vitória, foi o XK que estabeleceu esse padrão.



QUE FERA!



Adaptar a base mecânica do Chevrolet Opala 250S foi o maior desafio para Henrique Erwenne lançar sua réplica do XK em 1981. Como era 11 cm mais larga, foi preciso cortá-la e esticar a carroceria de fibra. Um representante da Jaguar até veio ao Brasil vetar o projeto, mas se surpreendeu com o Fera (foto), que acabou sendo feito até 1983.


Motor: 6 cilindros em linha de 3,4 litros
Potência: 160 cv
Câmbio: manual de 4 velocidades
Carroceria: roadster e cupê de 2 lugares
Dimensões: comprimento, 399 cm; largura, 164 cm; altura, 140 cm; entre-eixos, 259 cm
Peso: 1 285 kg (roadster)
Velocidade máxima: 196 km/h

TESTE LONGA DURAÇÃO HONDA FIT

Honda Fit LX CVT
Abril 2005

Honda Fit LX CVT

Depois de sua estada conosco, o Fit passa pelo crivo do desmonte. Já tem gente com saudades dele

Por Adriano Griecco / fotos: Sérgio Chvaicer
Lista de matérias por data:

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Começo a achar que o título da seção deveria ser mudado. Veja o caso do Fit. Ele parece ter chegado ontem. Lembro-me vivamente de quando o assistente de fotografia Sílvio Gióia saiu da redação numa quarta-feira para buscar o Honda em uma concessionária em Porto Alegre e voltou depois de dois dias. Logo na semana seguinte, o câmbio CVT já alimentava uma animada discussão na redação. Enquanto alguns se mostravam arrebatados pelo equipamento, outros faziam cara de tédio. E a celeuma prosseguiu ao longo dos 60000 quilômetros. O câmbio nos rendeu pautas como uma comparação de consumo com uma versão manual e uma viagem à praia para medir seu comportamento nas subidas de serra. Como não poderia ser diferente, é sobre ele que recai grande parte da nossa expectativa. O desmonte, conduzido pelo nosso consultor técnico Fabio Fukuda, da oficina paulista Fukuda Motorcenter, foi a oportunidade de conhecer na intimidade o CVT.

No início de sua estada, aos 6112 quilômetros, o Fit foi convocado para um recall para substituir um duto de freio. Não fosse isso, o carro só entraria em uma concessionária por problemas aos 11772 quilômetros, quando tivemos um súbito apagão, por conta de uma bateria descarregada. Segundo duas autorizadas contatadas na época, poderia haver alguma fuga de energia. Aos 20000 quilômetros, na segunda revisão, descobrimos, escondido no porta-malas, quem estava furtando corrente: a luz interna do compartimento de bagagem não apagava quando a porta era fechada. Esse foi o único senão relacionado à parte elétrica no desmonte. Os sistemas de gerenciamento eletrônico do motor e do câmbio não apontaram falhas em suas memórias, o que poderia ser decorrente de problemas durante o teste.

Logo após a revisão, o Fit seria escalado para a segunda viagem - a primeira foi vir de Porto Alegre -, com a missão de acompanhar uma competição de arrancada de tratores. No meio do caminho, o fotógrafo Ricardo Rollo foi surpreendido por um distraído e desafortunado cachorro, que cruzou a rodovia sem perceber a presença do nosso Fit. Os danos materiais foram a ponta do pára-choque e o pára-lama dianteiro do lado esquerdo amassados. Com 30000 quilômetros, o Honda aproou rumo a Belo Horizonte para fazer sua terceira revisão, na concessionária Auto Japan. Efetuamos também os reparos na funilaria. Só agora, ao desmontarmos o carro, descobrimos que o pára-lama dianteiro não foi totalmente fixado pela concessionária. O parafuso podia ser desrosqueado apenas com a ponta dos dedos.

Depois de ficar quase 6000 quilômetros rodando na cidade de São Paulo, o Fit partiu para uma nova aventura. Levou o fotógrafo Ricardo Rollo - dessa vez como carona, para alívio dos cães moradores de beira de estrada - e o assistente de testes Jorge Luiz Alves até o Piauí. Durante o percurso, Jorge Luiz não se cansou de elogiar o desempenho da suspensão do carro: "Barulho, só o do vento batendo no carro". Além do asfalto mal conservado, o carro enfrentou cerca de 400 quilômetros de terra poeirenta. E o Fit foi aprovado no teste de vedação ao se recusar a dar carona às indesejáveis partículas de poeira.

No desmonte, ao conferirmos as conseqüências da aventura, verificamos que, apesar de a suspensão estar em bom estado, as buchas posteriores das bandejas apresentavam desgaste acentuado. Em uma delas a borracha estava trincada. No interior do Fit, a única marca do excesso de sacolejos estava no banco do motorista, que apresentou uma folga no suporte de fixação. "Isso faz com que ele tenha um pequeno movimento de inclinação nas frenagens e acelerações", afirma Fukuda. Os outros bancos, console central e painéis das portas estavam intactos, assim como o forro da carroceria. O hodômetro do Fit já beirava os 45000 quilômetros. Nesse ponto, realizamos um teste para descobrir com qual dos dois câmbios o Fit era mais econômico. O modelo com câmbio manual se saiu melhor, tanto na estrada quanto na cidade. Depois do teste, que exigiu a instalação do medidor de vazão de combustível, o filtro de ar não foi recolocado de forma correta. Como conseqüência, a borracha que liga o filtro à borboleta do acelerador ficou danificada e seus detritos ajudaram a travar a tal borboleta. Resolvido o problema, o Fit retornou à pista da TRW para seu teste de despedida. Nele, obteve as mesmas médias do primeiro teste, incluindo os números de frenagem. Mas no desmonte constatamos que os discos estavam 1,7 milímetro abaixo da especificação. O fato poderia ter sido evitado com a substituição dos discos de freio na revisão dos 50000 quilômetros, ocasião em que foram trocadas apenas as pastilhas de freio.

Ainda no último teste, como é usual acontecer, o Fit apresentou números ligeiramente melhores que os do primeiro teste, no quesito desempenho. Na inspeção feita por Fabio Fukuda, motor e câmbio estavam em excelente estado de conservação e os pistões e cilindros estavam com as medidas dentro do especificado pela Honda, assim como o virabrequim, que apresentou folga axial de 0,15 milímetro, bem abaixo do 0,45 milímetro tolerado pela fábrica. Já os pistões apresentaram excesso de carbonização na parte superior. Segundo a fábrica, o fato seria devido a gasolina de má qualidade. Como conseqüência, o anel de compressão do quarto pistão travou e o primeiro cilindro do bloco apresentava um risco superficial, causado por uma partícula de carvão.

"E o CVT?", você deve estar se perguntando. Nele, não constatamos nenhum problema. Polias, correias e engrenagens encontravam-se em perfeito estado e sem sinais de cansaço. O conjunto apresentava-se apto a encarar muito chão pela frente.

Se o desmonte do Fit, assim como toda a convivência com ele, foi marcado pela ausência de surpresas, o mesmo não se pode dizer da hora que recebemos seu orçamento. O alto preço de algumas peças nos surpreendeu. Como o conjunto de juntas e selantes do motor (que pode ser vendido separadamente), que custa 986 reais. No Chevrolet Meriva, o preço dessas peças é de 384,70 reais. No Polo 1.6, saem por 540,30 reais. A Honda garante que os preços são tabelados e que tais peças têm procura pequena dentre os clientes da marca. Outra fonte de estresse para Suely Giorgino, que controla os pagamentos da redação, será o preço pedido pelo jogo de bronzinas de mancal do Fit: 629 reais - contra 48 reais pelas mesmas peças do VW Polo. Ninguém mandou mexer com quem estava quieto.

Diário de bordo Foram 61311 quilômetros rodados por 37 motoristas em 19 meses. Fizemos 31 roteiros, viajando de Porto Alegre a Teresina. As poucas ocorrências surgiram a partir da metade do teste, quando o Fit sofreu um pequeno acidente, e no fim, quando a montagem errada da borracha do filtro de ar jogou sujeira para a borboleta, que travou e manteve o motor acelerado. Quanto aos custos, o peso fica na conta do combustível mais uma vez, já que o carro não apresentou quebras durante sua jornada. O custo por quilômetro rodado foi de 0,21 real. FOLHA CORRIDAData da compra: julho DE 2003
Preço DE COMPRA: 38806 REAIS
Preço de venda: 37636 REAIS*
Final do teste: fevereiro DE 2005
Quilometragem total: 61311 KM
Consumo total: 5042,65 LITROS
Consumo médio: 12,1 km/l
Óleo: 20 litros
CUSTOS
Combustível: 10378,34 reais
Óleo: 231 reais
Peças: 2478,45 reais
Mão-de-obra: 1603,50 reais
Total: 14690 reais
Custo/km: 0,21 real
MAIS NÚMEROS
37 motoristas
31 viagens
28750 km em estradas
32561 km em trechos urbanos
6992 km - A primeira parada do Fit não foi para a revisão dos 10000 quilômetros, mas sim para um recall por possibilidade de problemas no freio.
12474 km - Da noite para o dia a bateria descarregou. Uma recarga resolveu o problema. O culpado estava escondido no porta-malas.
29972 km - Durante uma viagem, um cachorro cruzou o caminho do Fit. O resultado foi um pára-choque e o pára-lama dianteiro danificados.
59775 km - Em seu último teste, a sujeira acumulada na borboleta deixou o motor acelerado. Uma limpeza no sistema resolveu o problema.

TESTE LONGA DURAÇÃO FIAT PUNTO

Fiat Punto
Setembro 2009

Fiat Punto

Ele chegou aos 60 mil quilômetros em boa forma e só não foi melhor por falta de atenção da rede autorizada

Por Péricles Malheiros
Lista de matérias por data:

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Nosso Punto ELX 1.4 estreou no Longa Duração em dezembro de 2007. Recémlançado à época, vendia 3 600 unidades por mês, um fôlego de atleta comparado à média atual de 2 000, menos que Sandero e Astra. Pagamos 46 887 reais e esperamos quatro meses por ele – hoje, com os mesmos equipamentos, um modelo 2010 sai por 47 448 reais. Em julho, simulamos a venda do carro no mercado de usados: as propostas variaram entre 27 000 e 32 000 reais.

Logo após o “teatro da venda”, o carro seguiu para a pista, em Limeira (SP). A perda de fôlego no mercado felizmente não se repetiu no desempenho. Entre os testes inicial e final, nosso Punto acumulou mais do que quilometragem ao longo de quase dois anos de convívio. A experiência deixou o carro mais solto, com registro de melhora em todas as provas de aceleração e retomada (veja o quadro comparativo na pág. 106). Em contrapartida, o consumo médio aumentou, indicando que= havia algo errado com o motor. O desmonte revelaria a razão de tamanho apetite.

Entre o nascimento e a aposentadoria, nosso Punto não teve vida fácil. Rodou por 39 cidades e seis estados, pilotado por 43 diferentes motoristas. Nosso colaborador Felipe Carneiro deu uma esticada de São Paulo a Florianópolis (SC), em fevereiro de 2008, e após 2 000 km disse: “O teste inaugural em Limeira mostrou que o Punto é mais lento que um Celta 1.0. Mas posso dizer que, nas curvas fechadas da BR-116 e nos altos e baixos da serra que separa o leste do sul da ilha de Florianópolis, o motor 1.4 se virou bem. Pena que a conta no posto pareça salgada como a água da praia do Rosa”.

Porém, quando Osmar Lazarini, especialista em tecnologia do Portal Exame, tentou dialogar com o hatch, a conversa não foi tão amigável assim. O sistema de interação Blue&Me se mostrou confuso na função de viva-voz de celular. Na edição de agosto de 2008, publicamos: “Em vez de cantar o número de quem ligou no esquema nove-um-trêsdois, diz noventa e um milhões, trinta e dois mil...”. Osmar comentou na época: “Assim, não reconheço nem o telefone da minha casa”.

Aos 60 806 km, nosso Punto encostou na Fukuda Motorcenter, oficina responsável pelo desmonte. Reforçamos a necessidade de dar atenção especial à investigação da origem do consumo exagerado e do comportamento um tanto “violento” nas arrancadas: às vezes, o carro saía aos trancos, como um cavalo bravo, característica que começou a ser notada por volta dos 40 000 km e foi se agravando até o fim.

Nosso consultor Fábio Fukuda não precisou de muito tempo para desvendar os segredos do veterano Punto. “Um dos coxins do motor está seriamente comprometido, com o elemento elástico rompido. Era ele o responsável pelas dificuldades nas saídas com o carro”, afirma Fukuda. “Se caísse nas mãos de uma oficina despreparada, poderiam acabar empurrando uma nova embreagem, pois o comportamento nas arrancadas é muito semelhante ao de um conjunto desgastado.”

O restante do desmonte prova que Fukuda não foi cruel ao cogitar a hipótese de o Punto ser maltratado numa autorizada Fiat. Depois de funcionar o motor até que atingisse a temperatura ideal de trabalho, as medições iniciaram. Pressão de óleo e combustível estavam dentro das especificações. Nos cilindros do motor, porém, surgiram os primeiros indícios de que algo não ia bem. A Fiat não leva em consideração o valor nominal da pressão nos cilindros, mas sim as eventuais diferenças registradas entre eles – apesar de a montadora não divulgar sequer um percentual, o mercado de reparação considera como limite uma margem de até 20%. A média de três medições apontou para 196,6, 113,3, 180 e, de novo, 180 psi nos cilindros 1, 2, 3 e 4, respectivamente. Fukuda diz: “Bom seria se todos estivessem como o cilindro 1, que se mostrou com saúde plena. Mas a medição de 113,3 psi no 2 deixou claro que algo impedia a compressão ideal. Nos cilindros 3 e 4 a perda de pressão foi moderada, mas com o tempo a situação certamente se agravaria.”

A resposta para esse problema estava no cabeçote. Com a desmontagem, as válvulas foram retiradas e analisadas com cuidado. As de admissão dos cilindros 2, 3 e 4 apresentavam considerável acúmulo de carbonização, sobretudo a do 2. “Cada válvula tem um retentor para impedir que o óleo escorra pela haste. É possível que eles tenham perdido a eficiência por trabalharem em contato com lubrificante que ou foi contaminado por combustível adulterado ou está muito desgastado. Este é um dos grandes problemas de revisões muito espaçadas. No Punto, elas ocorrem a cada 15000 km. Considero arriscado esperar tanto assim para efetuar a troca de óleo”, afirma Fukuda.

Apetite voraz
Tanto o problema do coxim quebrado quanto o dos retentores de válvulas poderiam ter sido detectados se houvesse uma investigação criteriosa após nossas reclamações registradas ao deixar o carro para as revisões. O nível desigual de pressão nos cilindros era o responsável pela elevação no consumo. O aumento de apetite é uma notícia pior ainda para um carro cujo tanque comporta apenas 48 litros de combustível. Depois de ouvir muita reclamação (nossa e de outros consumidores) a respeito da baixa autonomia, a Fiat adotou um tanque de 60 litros na linha 2009, conforme publicado na seção Longa Duração de setembro de 2008.

Os problemas do cabeçote, felizmente, não afetaram o bloco. A parede dos cilindros e os pistões intactos, sem riscos e rigorosamente dentro das especificações da Fiat, comprovam a boa qualidade geral do motor – à exceção, claro, do “vazamento” que surgiu no cilindro 2.

Na mesma proporção em que criticou a desatenção da rede autorizada, Fukuda elogiou a construção geral do veículo: “Fazia tempo que não desmontava um carro tão bem construído. Os painéis não se deformaram, as presilhas estavam bem presas e tensionadas e os encaixes, alinhados. E não houve economia na aplicação de materiais de isolamento acústico e térmico”. Boa notícia para um modelo que nasceu com muitos problemas de acabamento, como tampa do bocal de combustível com dificuldade de travamento e para-choque dianteiro que dilatava em dias de calor, deixando um vão de quase 1 cm em relação ao farol – males que acometeram não apenas o nosso Punto, chegando a ser tema do Autodefesa de fevereiro de 2008. Por duas vezes trocamos a coifa da alavanca de câmbio, que insistia em sair do lugar depois de algum tempo de uso.

Por falar em câmbio, seu ótimo estado de conservação também impressionou nosso consultor. Engrenagens das marchas intactas, garfos com pontos de contato com as luvas impecáveis e anéis sincronizadores com ranhuras internas perfeitas arrancaram de Fukuda o elogio que todo carro de Longa Duração gostaria de receber: “Parece peça de carro zero-quilômetro”. O risco de as peças terem sido substituídas em alguma revisão não existe, pois marcamos diversas partes do carro no início do teste. E todas elas estavam lá.

O conjunto de suspensão também foi aprovado, mas acabou entregando outro desleixo das concessionárias. Ao iniciar a desmontagem das rodas, notamos um desgaste irregular dos pneus, sinal de falta de alinhamento e balanceamento. Fukuda também nos deu uma bronca: “A calibragem estava errada e isso também acelera o desgaste irregular dos pneus”. Ficaremos mais atentos. Uma folga na barra axial direita (que liga a caixa de direção ao terminal de direção) era a causa de um barulho constante – defeito reclamado nas concessionárias durante as revisões de 30 000 e 45 000 km.

Aprovado com poucas ressalvas após severos 60 000 km, o Punto mostrou que tem qualidade de construção e mecânica confiável para voltar a ter fôlego de vendas quando a próxima geração, remodelada, estrear – a previsão é que isso ocorra no primeiro semestre de 2010. Para isso, porém, precisará contar com uma rede autorizada mais atenta aos pedidos e reclamações de seus clientes.


MUITO BOM
CORPO FECHADO


Bem isolada contra pó, água e ruído, a carroceria merece elogios. As guarnições terminaram o teste intactas, bem encaixadas e livres de sinais de ressecamento. A aplicação de mantas atrás do painel de instrumentos, bem como de feltro e carpete com face inferior asfáltica, são cuidados que deram resultados positivos. Por dentro dos para-lamas dianteiros há blocos de espuma para travar a peça e impedir a invasão de ruídos na cabine. Se você tem um Punto, cuidado com rampas de prédio: uma raspada mais forte com o para-choque dianteiro pode condenar as duas colunas metálicas que sustentam a capa.

TRANSMISSÃO DE CONFIANÇA
 
O tempo e os 60 000 km não passaram para o câmbio do nosso Punto. A desmontagem revelou peças em estado de novas. Nos garfos seletores de marcha, mesmo os pontos de atrito com as luvas estão intactos, assim como a face interna fresada dos anéis sincronizadores. Sem ruídos e com todas as partes em ótimo estado, a embreagem poderia encarar, no mínimo, mais 10 000 km.

SEM FOLGA

Cada pistão tem três anéis: um de compressão e dois raspadores. Todos estavam com folga dentro da tolerância. Daí a razão de as saias de pistão e as paredes de cilindros estarem quase sem riscos


RUIM

MÁS VIBRAÇÕES


Coxins existem para melhorar a dirigibilidade e evitar que as vibrações geradas pelo motor invadam a carroceria. Com a borracha partida, um deles passou a se movimentar além da conta, a ponto de deixar marcas profundas no suporte. Cumprindo mal o seu papel, fazia o Punto trepidar a cada saída. Os primeiros relatos se iniciaram por volta dos 40 000 km.

DEPÓSITO DE ÓLEO
As bases das válvulas de escape terminaram o teste com depósito de óleo visivelmente úmido, de tão intenso. Culpa dos retentores, que deixavam escorrer lubrificante pela haste. A piora no consumo de combustível verificado entre os testes inicial e final está diretamente ligada a essa falha.

CONTAMINAÇÃO

Visto de baixo para cima, o cabeçote mostra sinais evidentes de que o óleo que escorreu pelas válvulas chegou a contaminar a câmara de combustão. O caso mais grave está na câmara do cilindro 2.



REGULAR

RADIOTERAPIA


Desde os 10 000 km, as molduras do ar-condicionado e do rádio não casavam. No desmonte, descobrimos que a culpada era a gaveta de metal que fixa o rádio ao painel, que impedia a acomodação perfeita dos equipamentos.

APAGANDO AS VELAS

O jogo de velas foi trocado na revisão dos 30000 km, seguindo recomendação da Fiat. Aos 60000, mostravam desgaste acentuado nos eletrodos e pequeno acúmulo de carvão. De fato, já era hora de este jogo dar lugar a um novo.



RAIO DE AÇÃO



CHECK-UP





PRÓS

Câmbio: De longe, o componente mais elogiado do carro. Chegou ao fim do teste praticamente novo, nem sentiu os 60 000 km.
Carroceria: Bem isolada, deixou ruídos, pó, água e calor no lugar certo: do lado de fora.
Sistema elétrico: No desmonte, notamos que os conectores e terminais são bem protegidos. Isso aumenta a confiabilidade.

CONTRAS

Concessionárias: Não há sala de espera com ar-condicionado e água gelada que refresque a cabeça de consumidor que reclama e não é ouvido.
Acabamento: No geral, o Punto se mostrou bem montado, mas vacilou em alguns detalhes. Coifa de câmbio, moldura do painel, acabamento do retrovisor externo e para-sol foram trocados.



HISTÓRICO

1 207 km Acabamento do cinto do motorista solto
7 262 km Chave não abre a porta do motorista; acabamento do retrovisor esquerdo solto; tampa do tanque não fecha direito
7 276 km Vazamento de óleo do câmbio
10 782 km Colisão
10 812 km Vedação de porta soltando
11 442 km Tampa do controle do ar está desnivelada
13 983 km Moldura do console está solta
16 400 km Lâmpada de cortesia está queimada
24 275 km Borracha do retrovisor esquerdo está solta
31 176 km Coifa do câmbio está solta e há folga no banco
36 998 km Barulho na suspensão dianteira e traseira
44 127 km Direção desalinhada
44 399 km Marcador de combustível desregulado
55 177 km Luz de reserva do tanque de combustível acende sem necessidade

FOLHA CORRIDA

PREÇO DE COMPRA 46 887 reais (após quatro meses de espera, o carro chegou em dezembro de 2007)

PROPOSTA DE VENDA
30 500 reais (julho de 2009)

QUILOMETRAGEM TOTAL
60 806 km: 42 315 km em estradas e 18 491 km em trecho urbano

CONSUMO TOTAL
7 401,41 litros (álcool) e 58,37 litros (gasolina)

CONSUMO MÉDIO
8,1 km/l (álcool) e 7,9 km/l (gasolina)

COMBUSTÍVEL
Álcool: 10 661,23 reais (R$ 176,67/1 000 km)
Gasolina: 103,84 reais (R$ 225,74/1 000 km)

REVISÕES
15 000 km:
396,27 reais (Auguri, Osasco)
30 000 km: 387 reais (Etrusca, Cotia)
45 000 km: 327 reais (Sinal, São Bernardo do Campo)




VEREDICTO

Após passar pelas mãos de 43 motoristas e rodar por 39 cidades brasileiras, o Punto encarou o desmonte e dele saiu aprovado. Os problemas mecânicos detectados poderiam aparecer mesmo se as revisões fossem menos espaçadas, mas é imperdoável um carro zero-quilômetro perder parte de sua saúde porque as reclamações registradas nas revisões foram ignoradas pelas autorizadas. Com bom compromisso entre conforto e estabilidade, foi um de nossos modelos mais requisitados para viagens. Sem problemas que abalassem sua confiabilidade, o Punto foi um bom companheiro.